Vens do infinito além…Os teus vestidos
Trazem poeiras de astros acendidos
E escorrem gotas de ouro:
Estrelas que te queimam, ígneo choro…
És o encanto perfeito, a formosura,
O espanto da Natura!
O teu perfil, quimérico e nevoento,
Parece aquele deus que se entrevê no vento
A divindade oculta que deslumbra
Sacro bosque, onde cai a chuva da penumbra;
Génio velado em névoa transcendente
Que se avista, num rio, ao sol nascente;
O Cristo macerado e ensanguentado,
Na glória, da ascensão transfigurado!
Alma, sombra de Deus, longe de Deus,
Sozinha, a percorrer mundos, estrelas, céus,
Errando, à triste sorte,
De corpo em corpo, isto é, de morte em morte,
Ó alma vagabunda e dolorida,
Vem a mim, Sou o amor que te dá a vida.
Teixeira de Pascoaes (1877 -1952)
Para a Luz. Vida etérea. Elegias. O Doido e a Morte
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